Solenidade
Toda a Terra ergue um homem. O tempo encontra-o nos cumes mais altos. É um Homem-tempo. É uma força. Uma rocha. É uma voz e uma convulsão. Uma breve aparência na noite fugidia. Deixando um subtil aroma de flores na madrugada.
É um Homem-força. Uma vertical ingenuidade do sangue. Um fresco de Pompeia. A despertar das suas próprias cinzas. Quentes são os seus sorrisos. Solene o seu cansaço. Vive no oblíquo dos dias. Revê-se nos poços brancos. Fascina-se com o imprevisto flutuar das aves. As suas ruas não têm limites. A sua sombra não toca nos céus. As suas estradas são poeirentos silêncios. São transfigurações de imagens. Mistérios abstractos. A sua lenda escreve-se na frontaria de cada rosto. Como se entrasse...a direito...pelas portas da lua.
É um Homem-derradeiro. Um pilar ofuscante. Levita na perdição do mundo. É um vitral soerguido aos olhos maravilhados dos deuses. Que o fizeram gratuito e opaco. Mas leve e jovial...como o renascimento de uma fantasia.