Sombrias paixões
Vestidos de sangue negro
Incoerentes caminhos me perseguem
Brilhantes como fogo
Impiedosos como dores imaginárias
Surpreendentes como poços afundados
Em abóbadas brilhantes
Estremecidos como bálsamos
Pintados nas paredes da alma
Ou como demónios enervados
Pela frescura iluminada dos pavores
Apontam-me instantes
Fundos de cavernas secretas
Grutas de pele molhada...
Mas...para que os quero eu?
Se me basta a respiração da minha agonia
Se me basta o fogo que ruge... prolongadamente
Como um tempo de brincar.
Se me basta que a minha voz
Expluda como a de um eterno contorcionista
Que a minha Razão acorde
Para a noite que se deita na minha cama
E me desperte o supremo desejo
De escutar as cores que se sentam na manhã
Que sob uma tempestade de espectros
Me revelem os mistérios
Que me atraem para oceanos de fogo
Como incuráveis vícios sombrios
De um incurável doente
Possuído por sombrias paixões...