Somos o breve instante da anarquia..
Ouve-se um suspiro nas trevas...silenciosos clarões ameaçam soltar-se da noite
Reluzem como diademas de cinza...fuligem perdida na vidraça da lua...
E por momentos sinto a existência de um despertar...como um Cavalo de Tróia baço
Vejo o silêncio..voam sacos plásticos abandonados...explodem cheiros de erva...
Crimes incompletos vestem-se de verde...a escuridão desperta sopros insondáveis
Há um strip tease de luzes vibrantes...manhosas..vazias...
Neva...debaixo da luminosidade preciosa de um candeeiro de ferro...
Botas pisam as ruas...garrafas de vidro partem-se de encontro aos lábios...bebem eternidades
A cidade parece um filme acetinado...bate como um coração que suspira...
E..no fundo de uma fachada em ruínas...estamos nós...
Somos o breve instante da anarquia...a balança que desperta a luz...a eternidade solitária!