Sonho e pedra
Nesta cidade onde os passos são ruas e os sonhos são pedras
Coloco cautelosamente a alma sobre insondáveis relógios
E perscruto o tempo em cada espiral feita de instantes indefinidos.
Não basta implorar à boca anónima do vento
Para que o sonho se pareça com o lado impossível da noite.
É preciso que a indiferença não cresça na boca desta cidade
É preciso transformar os resto amargos das pessoas em algo soalheiro.
Se nos erguermos
Se formos pedra sobre pedra numa catedral de espelhos
Veremos o sorriso de um tempo verdadeiro a assomar por cima da nossa pele
Seremos a árvore plantada na beira de cada outra vida
A sombra aconchegante de um livro sem sentido
Seremos um caos erguido numa epiderme sem face nem textura
Porque somos...
Uma palavra...uma luz...
E não queremos ser...
Um apócrifo desmando do destino...