Sonhos etéreos
Mergulhados em sonhos etéreos procuramos a felicidade. Viajamos por mundos e mundos procurando aquele que possamos vestir. Procuramos aquele ligar mítico e lateral onde possamos acalmar as turbulências da alma. Caminhamos. Sobre uma espécie de mar revolto. De mar em chamas. Esperando encontrar os pregos que nunca se cravarão na nossa carne. Ou de encontrar a jóia mágica que nos transportará até à nossa profundidade. Nas nossas mãos está o poderio de conquistar o nosso troféu. O nosso intangível espaço-tempo. Os nossos próprios códigos. Basta acreditarmos que podemos decifrar os preciosos dias. E caminhar em direcção à estoica forma de preservar em nós...o bem.
Contemplo a doce tarde. A lonjura de azul-anil. A estonteante borda do dia. Sou daqui. Pertenço a esta janela. Onde as asas dos pássaros cortam a luz. Onde o rio escorre pela amplidão dos meus olhos. Penso no odor a breu que os dias deitam. Penso na paisagem para lá do horizonte. Dos meus horizontes. De tudo o que me estonteia no prolongamento de mim. E sou névoa. Sou um bafo de alma. Sou a íris cismática. Sou o extremo do céu e o moinho de vento. A escorrer. A escorrer. A discorrer...