Sonhos impossíveis...
Invoco a minha carne dispersa pelo entardecer
Disfarço a minha ausência
Debaixo dos andrajos que me restam do corpo
Arredo-me dos caminho
Sou a gazela fugindo da secura da cidade.
Um dia percorri todos os estremecimentos da luz
Fiz de mim um fogo fátuo
Transpus os portais do silêncio
Queimei as horas e despedi-me das sombras do meio-dia
Ceguei
Porque vi descerem pequenos raios de luz sobre a lividez dos rostos.
E o deserto marcou a sua passagem pelos jardins
Caminhei devagar pelos ruídos
Alguém me perguntou pelos sonhos
Interrompi os passos
Abri os olhos sobre o mar
Ali estava o berço
A voz aniquilada do sol
A velhice sem lembrança
O desprezo dos ventos..morava também ali
Junto à entrada daquele mar feroz
Avancei por mim adentro
Lembrei-me de bater à tua porta..persegui-me
Mas a lama dos poço profundos
Agarrou-se ao meu caminho...
E desfiz-me numa enorme constelação
De sonhos impossíveis...