Sono breve
Ela dormitava, cabeça encostada nas costas do sofá. Ele, na janela, fumava como quem nada espera da vida. A sua vida tinha o tamanho da rua onde morava. A noite era fria, um gato vadio miava, chamava as gatas.A rua era apenas um reflexo de lua. Um deserto de esquinas. Um som afastado de carros que vagueavam na auto-estrada. A vida descansava no seu cigarro. Ele, absorto pensava no significado da vida.Pensava nos degraus que agora lhe custavam a subir. Acabou o cigarro. Voltou para dentro.Chamou-a.Ela não abriu os olhos. Chamou-a novamente.Ela calada. Fria. A vida prosseguia na rua, nas esquinas, no miar do gato.Ela já ali não estava.