Surrealista
Emito um longo sorriso forçado...
Que retiro de uma caixa de lacre chinês...
E depois de almoçar...visto duas mãos imensas...
E vou para o terraço apertar os sapatos...
Sigo depois pela estrada de macadame em direcção ao chapéu de coco...
Que pendurei na palmeira grande...
Plantada à entrada da minha boca...
Coloco depois o meu grande nariz azul sobre uns olhos lacrimosos..
Que se sobressaltam...
Enervados pelo cumprimento fastidioso do meu fato multicor.
Vou trauteando um verbo...
E enquanto peço a bênção para a minha digestão
Convido-me a sentar sob os braços do carvalho centenário...
Passo em revista os meus incómodos...
Faço uma cerimónia em minha honra...sem formalidades...
E vejo passar uma donzela castanha
Que vai deixando atrás de si um rasto de cinza rosa
Saboreio a minha língua
Que passa pelo céu da boca a fugir atrás de um cometa
E que oferece o seu tempero à flor de laranjeira...húmida...
Depois...como que recomendado por um raio fulminante...
Encosto as minhas preocupações ao vapor da transpiração...
Que ofegante se pensa demasiado esbelta para estar ali...
Por isso... ao pé coxinho...
Parto para dentro das minha costelas...e adormeço!