Suspensões...
Lembro-me de um pássaro que voava na oblíqua linha do horizonte
Era um pássaro de vida...
Como todos os outros que se recortavam no calor da minha vidraça
Era feito de brisa e beijo...era feito de um tempo fundo
Um tempo suspenso na era da casa...um abismo de terra ardida
Ou era apenas...um pássaro...
Lembro-me que um dia cairei como um pórtico sem base
Um dia vou beber os murmúrios da noite
Aqui mesmo...no meu jardim de portas abertas sobre as estrelas
Onde durante o dia brancas borboletas divagam
Suspensas...na claridade doirada de um eterno desencontro...
É sempre o mesmo vazio a abrir-se aos meus olhos
Sempre este país de pedra e cal...de granito e lama
Sempre este não poder habitar o infinito
Sempre este perfil de mar...a encadear-me..
A alma!