Efémeros abraços resplandecem nas têmporas da primavera
Pródigos tempos nos chegam aos olhos
Intactos como poemas polidos pela terra.
Nestes dias o olhar queda-se petrificado
Pela (...)
No rio... a cinza da tarde derrama-se pelas margens
a água é um sopro da tua boca eloquente
que molha a minha pele feita de ferrugens
enquanto o tempo desliza sobre a fresquidão dos segredos.
Todos nós ali estávamos...fecundos punhais na hirta noite
E sugávamos as veias que a luz tecia
Éramos a fronteira onde a lua se extinguia
Como uma vida...como uma sentinela...
Como uns (...)
Há na cadeia de Tires a Casa das Mães. É um local onde as mães que estão presas podem conviver com os filhos. Estas crianças a única coisa que conhecem do mundo é o limitado muro da (...)
Em nenhum lugar do mundo existe um completo silêncio,nem no deserto, nem na montanha, nem nas florestas,porque mesmo que nada bula, que nenhum vento sopre, que nenhuma ave cante, que nenhuma (...)
É neste silêncio que as azenhas ainda resistem aos sinais do fim
e as estrelas glaciais respiram fundo...consolam a eternidade e dormem juntas
as horas despejam luzes sobre o azul marinho (...)
Tombei como uma ave fugitiva
Deitado no profundo tempo adormeci
Nem me lembrei que há tantas mãos lá fora...no destino
A arranhar as comissuras das árvores
A morder o sopro das fogueiras
(...)
Um halo de luz desabou do céu
Um pintor desenhou uma tela de sangue
O suor escorreu ...a respiração rebentou
O pranto enrosca-se numa coluna de Juno
As rugas da memória cheiram a mitologia
E os cabelos ondulam no adormecimento do vento...
Quero falar de tudo o que ficou por dizer
Quero falar do cansaço de quem fica à espera das coisas improváveis
E dos delírios que se acotovelam na balaustrada da noite
Onde secretos (...)
Há em mim uma tristeza sem tempo
Seara de oiro polvilhada de pétalas vermelhas
Verão de sol viscoso
Onde o canto das cigarras se empoleira nos ramos das oliveiras
Há em mim as (...)