Ardo num incêndio
Que me embriaga os dias tumultuosos
Ardo naquelas labaredas de côr
Que me saúdam como irmãs
Porque me perdi nos campos solenes
E com ímpetos exaltados
Ergo os (...)
Quando o teu corpo
É um pássaro que volteia no ar
Quando o teu sorriso
É uma casa junto à ondulação
Sabes que há em ti a claridade
De um astro que foge nas pétalas do vento
I
No fim dos remos o toque das águas
No princípio dos dedos
O toque da tua pele
E um suspiro de pomba
A ecoar no vazio
II
As sementes que coloco nos teus olhos
São pedrinhas de mim
A (...)
Perante o brilho baço e magro
Dos céus azulados
Um busto vermelho debaixo de um cipreste
Expunha a sua nudez do lado esquerdo
Os seios dividiam-se em dois olhos
Cujas veias apresentavam (...)
Coloquei a filosofia no divã
Abri a janela...respirei fundo
Perguntei-lhe pelo seu significado
Disse-me que não percebia nada do assunto
E... se queria salvar a minha alma
Que fosse (...)
Habito um corpo austero de mendigo
Disfarçado de rei...
Venho de uma terra plana...seca
Ciumenta da chuva
Ciumenta da beleza da neve
Que dorme sobre os cumes
Mas o afecto do sol é o mesmo
O rio é margem que não deixa sombra
Das tuas feridas nascem flores
No tempo que te amansa
Perguntas pelo lugar onde está a mãe
Enquanto tu te sentas
No escuro do firmamento
Nas minhas mãos carrego o vidro dos dias
No meu olhar tilintam fantásticos mundos
No meu corpo forrado de tule negro
Nascem gestos de rios
E peço aos céus
Que me matem a fome de espaço
(...)
Neste Teatro cruel e bestial
Onde língua da serpente
Se insinua pelas nossas partes fracas
E onde o ventre cresce e incha
Com o sangue cristalizado
Das personagens esculpidas em areia
(...)
O tempo passava
Numa alvura de febre inexplicada
Os anos preocupados discorriam
Sobre as prendas que dariam aos dias
E imprudentes melodias surgiam nos pés descalços
A hilaridade foi (...)