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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Tarde perdida

Na amnésia da noite está o espaço

Que medeia entre o teu caos e o meu deslumbramento

Na tua voz se deitam os momentos

Em que os sonhos tecem delícias.

 

O vento vibra

Alagando todos os sentimentos com uma sede de areia

Como se translúcidas veias

Se erguessem na pele ensonada do tempo.

 

Aqui está a cavidade

Onde o coração se derrete em flocos de sabor amargo

Ali vai a suave seda que toca a parte íntima da pele

E rodopiamos

Rodopiamos num bailado feito com a geometria dos silêncios.

 

Descobrimos recônditos seres

Que se escondem dentro do nosso olhar

Sabemos agora que caiamos a nossa vida

Com a brancura dos moinhos de vento

Esse vento que sopra

Na nossa enfunação de almas que ondeiam na tarde de agonia.

 

Bandos de pássaros saltitam na vegetação do estio

São pássaros entrelaçados na lentidão de nós

Pássaros complexos...livres do espaço

E das pontes quebradiças das coisas que não queremos

E nós... em pontas dos pés

Erguemos o nosso ballet gelado

Como convém àqueles que se libertam

Das estátuas volúveis e absortas

Que passam o tempo acenando a quem passa

E que são inúteis como sombras na água.

 

Tentaculares memórias apócrifas

Ocupam o espaço demolido da alma

Ao mesmo tempo

Que tomamos minuciosos banhos de corações assombrados

E arejamos o sono

Cobrindo o final da tarde

Com uma moldura presa na parte hesitante do dia

E olhamos a profundidade das asas das borboletas

Que vagueiam pela nossa vela acesa

Como sonâmbulas

Ou como fantasias de uma tarde perdida...

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