Tempo de ilusão - sétimo poema de Natal
Tempo de ilusão
Tempo de melancolia
Saudade de outro tempo
Saudade da alegria
Alegria de criança
Divino espanto
Austero tempo este
Que esquece aquele Santo
Vem desde a boca do mar
A tranquila noite de breu
O frio veio para ficar
No corpo que arrefeceu
Talvez um dia as águas
Se ergam num tal propósito
E tragam noites mais quentes
Aos que dormem num depósito
Depósito de corpo frio
Depósito negro de nadas
Talvez se ergam das sombras
As bocas agora caladas
E gritem com toda a força
Que os pobres estão esquecidos
E façam cair de podre
A miséria dos empedernidos.