Tempo etéreo.
Por fora de mim crescem fogos. Dentro de mim nascem rochas. Rugidos de falésias onde o mar estala. Em cada extremo de mim uma planície intocada. Sou o raro prisioneiro dos teus olhos. A áspera crista do meu rosto explode em cada filamento das tuas pálpebras. Revejo-me nessa suspeição de mim. Nesse longe tão próximo dos nossos olhos. Nesse arfar de espaço onde me aprisiono. Nesse flutuar de mel com que me tocas. E porque vestimos a mesma pele. Sentimos a mesma seda. Que flutua num espesso coração feito pela agitação dos ventos. Como se o céu fosse a porta de entrada do mar. Onde molhamos os pés feitos de tempestades e de acalmias. Feitos de tempos e de redes. Que a nossa memória decifra. E onde os fumos das nossas sombras se desvanecem numa agitação de pele arrepiada. Ficando apenas a decifração exacta....do nosso tempo etéreo.