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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Tempo melancólico

Escuto o choro do mar

Por mim passa a vertigem do mundo

Densas aves colam-se ao horizonte

A vida penetra-me nas veias afogueadas

O céu prolonga-se em mim

Nasci....

Entre a hélice do dia

E a curva transparente da liberdade.

*

Passam por mim antiquíssimos céus

No cimo dos mastros baloiçam as aves

Fora do tempo brilham as asas dos peixes

Os meus olhos confundem-se com a felicidade da espuma

São olhos de salmoura

Saltimbancos de espaços

Que tocam nos extremos felizes dos mares

E sobem... e descem...

São prolongamentos de um tempo melancólico

São fantásticos seres

Que caem verticalmente dos sonhos das flores

Como infinitos que brilham no sono das luzes.

*

E porque por ti passei como um gesto liso

E porque do vasto tempo quebrei as leis

Agora sou a ondulação informe do sonho

Agora sou a infinita onda que canta ao vento

Como se abraçasse um sonoro espaço

Como se nascesse de um secreto bailado

Como se me quebrasse de encontro a um sonho

Que vive na tua voz.

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