Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Tempo ondulante

Escuto o precipitado piscar

De uns passos frementes

Escuto aquele amontoado

De sons proferidos em surdina

Sons abandonados nas ruínas de uma inquietação

Sons ausentes...

Sem tempo para vislumbrar desgostos

Sons desligados dos lugares...das vinganças...sórdidas

Sons totalmente falhos de vozes

Esquecidos da quietude silenciosa

Do tempo ondulante

 

Não há obscuridade na argila vermelha

De onde saem emanações de grotescas farsas

Não há curiosidade

No olhar pousado numa grandeza apagada

Tudo está permanentemente em declínio

Tudo decorre inutilmente

Como se fosse um desenho

Feito por serpentes desencantadas

Sobre amarrotadas bandeiras enxutas de vida

Não há regresso nem vozes acaloradas

Não há emanações misteriosas

Tudo é como uma vigília

De onde uma ingénua face se ausentou

Tudo é como uma angústia

Que segue num cortejo de poucas palavras

Como um jejum judaico

Ou um gorgolejar de ventos batidos pelas árvores

Onde penduramos saudades

Como achas para a lareira

Abrasando-as num ardor de fagulhas

Que desesperadas se erguem em risos incontroláveis

Ou como torrentes de pés descalços

Ou como venenos atiçados

Por espumas anquilosadas

Não há ânsia nem desprezo nesses dias

Há apenas uns belos olhos ofuscados

Que riem como se tivessem encontrado

Dentro de si …

Um pranto majestoso que os libertasse...

 

2 comentários

Comentar post