Tens os pés descalços...seguras a espuma com o olhar..
Abre-se a noite como um universo melancólico...
Luzes atravessam o ar...o chão é agora feito de água escura...relâmpagos varrem as dunas
As rochas parecem fantasmas...e vejo-te deitada no abismo onde as ondas rebentam..
Tens os pés descalços...seguras a espuma com o olhar..as tuas mãos são guelras sôfregas
Respiras pelas mãos..tocas o meu corpo com o teu sopro...e caímos juntos na noite...
Ondulamos na superfície das águas...lunares luzes tocam-nos o rosto....
Somos seres luminescentes...distantes peixes que correm para o horizonte...
Cortam as marés...desembarcam em noites solitárias...
Como ridículas vagas que esperam salvação...
E enquanto sangramos todas as ondas do sentir... numa encantada vigília...
A paixão vai-nos queimando...e os mares assombrados expelem grãos de areia...
Como se nos atirassem estrelas vindas de uma profunda aflição!