Terra despida.
Tu que amoleces os sonhos em charcos de lama
Que secas a pele na quietude colérica dos dias
Acorda a carne...
Alimenta essa tua imberbe placidez
Com a secreta secura das lágrimas
Com a virtude perdida...num poço de fundo opaco
Onde a luz não chega...e as estrelas não encontram espaço
Despedaça o teu corpo nessas escuras estradas
Dobra este sol com a tua implacável vontade
Não deixes que os rios sequem nas tuas mãos
E..mesmo que os olhos tremam como vagabundos do silêncio
Guarda o teu segredo na terra despida.
Ai este espanto a calar a verdura do vale
Ai esta pena de pedra a estalar na carne
E este sussurro da luz a ecoar no coração
E este frio a entrançar a pele
Estas asas de grito a estalar na lonjura do espaço
Ai como eu ardo
Como fumega a minha nostalgia
De não ser mais que uma pedra
E não poder voar...