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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Tocar-te-ia se fosses uma giesta

Tens o veneno da chave falsa

Cometa sem luz que se prolonga na escuridão

Rosto de sulfúrica acidez...

Dormência de flor sem cheiro

Tétrica ironia despida de palavras

A tua silhueta não surge nos passeios

Em lado nenhum te procuro...tornei-me santo

Farto de afagar nevoeiros densos

Prefiro o silêncio das casas e dos jardins

Não sou o ladrão que te rouba o rumo

Tu não tens rumo

És fumo dissipado...uma alga

As palmeiras riem...eu olho-as

Compreendo-as...sei que são palmeiras...tu não

Não és uma palmeira

Não dormes como ela

Não tens o fulgor dela ...não és o oásis

É estranho como não cintilas

Como não tens zénite

És uma linha curva onde não habitam as flores

Cidade falsa...silêncio duvidoso

Cometa andrógino...deselegante

Tornar-te-ás água...liquefeita matéria

Não me olhes...

Sou o regresso de uma nebulosa

Um leito sem hálito...para ti não respiro

És a desinspiração dormente

O corredor subterrâneo que não vai a lado nenhum...

És a minha falta de paciência

O meu lume apagado

A imperfeição de uma imagem tépida

Será banal dizer que estou farto de ti?

Que não me consolas?

Que prefiro os sepulcros?

Cubro os meus dedos com giestas

Tocar-te-ia se fosses uma giesta

Mas és o meu abandono!

 

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