Tu corres...eu espero...
Tu corres...eu espero...corpo entregue ao rio...ardendo num silêncio gigantesco...
Já não recordo as feridas da infância...analgésicas emoções...estranhos fios de água...
Lavo-me de todas as datas...canso-me de todas as janelas..Janeiro em febre...
Rente a mim suspiram ombros nus...imensas bocas ardem nas fogueiras...quero que venhas
Mordisco a tristeza que devora os teus olhos...busco-te em todos os buracos...
Acidental peito refastelado em mim...que não voltarás a amanhecer no asfalto...
Sei que não voltarás a destroçar instantes nem espelhos...navegarás em todos os barcos...
Como uma ferida insultuosa...sulfúrica...incerto destroço em cama abandonada...
Fantástica realidade de uma fantasia que sua em bica..buraco de noite ao amanhecer...
Mundo devorado por espelhos irreflectidos...indiferentes...
Como uma tristeza suspensa numa noite de geada...
Ou um perfume de galáxia destroçada!