Tudo é grande...
Ainda sinto o eco congestionado da rigidez do mar
Toco-te com lábios ambíguos...como frutos espalhados pelo apócrifo setembro
Tudo é grande...resta-me apenas uma aurora que sobe pela minha saturação das coisas
Uma aurora que me arranha como uma idade de corpo ao relento
Caminho pelos frágeis dias..como se me desdobrasse em milhentas faces
Crestadas por implacáveis respirares de corpo amarrotado
Sobre mim adejam aves...rostos...murmúrios de campos vindimados
O sono chicoteia as manhãs...o fumo é uma lírica serpente a elevar-se na atmosfera cinza
Dormi demais...resta-me o mundo..as colinas..as coisas infinitamente distantes
Vergo os dias como a força retesada dos sonhos...respiro sobre o fim da tarde
O mundo é um céu humedecido...um mar de corpos congestionados...uma falésia
Defendo-me da lucidez da manhã...como uma floresta sem arestas e sem mitos impossíveis
Resistir ao longo da casca do vento...pisar a frescura de um templo sem horário
Só me falta mesmo..ser o lençol branco que tapa as horas...
O carvalho ofuscado pela ventania rasante do suão
O dia é um poema frondoso...cabelos ao vento...águas de abril....fome de corpo
E quando a névoa se espalha pelas agulhas dos castanheiros
Abre-se um espaço em flor..um destino de estrelas...uma fome de estevas
Abre-se o chão...e os meus pés calcam o silêncio...