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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Tudo mudou..as coisas deixaram de ser coisas

Tudo mudou..as coisas deixaram de ser coisas..tornaram-se ridículas

depois daquele dia em que decidimos que devíamos ser felizes..ou não

as portas abriram-se e os nossos corpos que costumavam suar juntos..partiram

deixámos que a nossa respiração fosse por aí fora..perdida nas ruelas..como um esboço de nós

depois..queríamos espaço..perfeição...queríamos o absoluto dentro de um silêncio apertado

ainda assim...não tenho pena do dia em que te sorri e tu...fechada em metros de ausência..te abriste

hoje tenho imenso espaço só para mim..o meu peito habituou-se a amar o silêncio..

a fechar-se dentro de uma sala onde preencho a noite com coisas de ontem

eu que só queria fascinar-me com todas as tuas imperfeições..achava-te perfeita..devo dizer

acabei sentindo subir até mim o terror de te perder...

ainda vejo o teu vestido..subindo..subindo..e os olhos...ah os olhos..brilhando..brilhando...

eu que só queria que existisses dentro das minhas mãos..pegava-te..

e de olhos fechados tacteava o caminho até ao quarto..queria que fosses a minha flor sem rosto

eu...não resistia ao odor da tua pele...

e sentia que era felicidade a mais tocar-te no ponto mais íntimo do desejo

na janela ainda está o vaso onde punhas as flores para as borboletas

ainda hoje vi uma... enorme ..que te esperava junto ao vidro fosco

de vez em quando vou até lá..espreito e penso..vou deixar de ser como tu...

uma borboleta que espera a flor..que murchou...