Um amor leve
No meu vazio dorme o sorriso de um amor leve
No meu vazio há uma chuva violenta
Que floresce nas estrias da luz
No meu vazio dispersa-se
A pureza das gotas que alimentam o orvalho
Suspendo o meu olhar sobre a noite azul
Desmaia sobre mim o silêncio da espuma
O bico de uma âncora desponta na areia
Como se fosse nada...e eu fosse...
A transparência de tudo.
Na perfeição exata das flores
Galopa o eco imaginário do mar
Quebra-se a distância de um rosto antigo
Um nome sem rua ergue-se nos olhos dos pássaros
E eu sei que toda a terra será minha
No dia em que o meu corpo
Se tornar um Deus sem pátria
Há uma encruzilhada onde a vida se balança
Confusos pescadores soletram
O nome de praias inconsequentes
Enredam-se nas redes do mar cinzento
Chamando a vida com olhos de mentira
Para dentro da caverna do Destino
Parei o tempo na suspensão das lágrimas
Nevava sobre as profecias dos confins da carne
Era alta a noite e bela a face perdida do espaço
E eu não descobria o caminho que me levasse
Para junto do riso da primavera.