Um canteiro de amores perfeitos....
Roço lentamente o corpo pelas ruas da cidade
E...enquanto a chuva me ateia com os seus segredos
Abro o meu sangue...bebo a verdade...desenlaço os enredos...
Dos rasos e discretos vulcões que pedem serenidade
Dos disfarçados Invernos inclementes...
Dos intocáveis pressentimentos...dos medos...
Dos presságios do Estio...onde dormem sonos brancos...vigiados
Das terras onde as hastes com espinhos... se disfarçam de espelhos gastos
Dos canteiros e das flores escondidas na brisa....
Das infindáveis estátuas... a pedir amor...a dar as mãos...a pedir amor...
A disfarçar os silêncios ásperos...sobre as telas mornas...
A pintarem os olhos inclementes...mascarados de giestas sonhadoras...
Rosas de olhar profundo...mistérios castos... Outonos disfarçados...
Como a trama de um segredo ancestral...insondável e infinito...
Não há nada nas nossas mãos...que o olhar não possa atender...
Nem teias na noite em branco...nem noites vigilantes...nem brisas sobressaltadas...
Nem discretas aranhas na terra mole...nem vozes nos areais desertos...
Nem retratos...nem disfarces...nem magias...
Apenas existe...entreaberta...uma pequena gelosia...
Que espera o fim da tempestade...
Como quem aguarda por uma estrela cansada...do seu próprio absoluto...
E que olha as tintas negras que a cercam ...
E que fazem sobressair na negritude do infinito...
A sua luz feiticeira... que ilumina um canteiro de amores perfeitos....