Um dia disse-te que eras um labirinto
Um dia disse-te que eras um labirinto
Onde cabia todo o vento que do meu coração soprava
E que antes de te conhecer eu era assim como uma nudez sem pele nem ossatura
Um dia disse-te para vestires a minha pele de mar e navegares por dentro dos meus dias
Obedeceste...
E os teus olhos brilhavam como duas explosões de sal a rolar pelas minhas falésias
Juntei a mãos e agarrei em todas as coisas impossíveis que a tua saliva desenhava
Vi tantas coisas em ti que me esqueci de colher os pedaços que sobravam dos nossos corpos
Disseste que eu era o Universo a entoar uma melodia de caos e silêncio
E que nas dobras da nossa rotina
Os peixes no aquário falavam das coisas insanas que nos viam fazer
Mas iremos longe... seremos o meteorito que aterra na janela da nossa lua
Seremos os arquitectos de um big bang sem fim nem chegada
As nossas unhas cravar-se-ão nas costas dos desertos
As flores contarão as nossas histórias que imitam a irrealidade dos dias
E também seremos a matemática das nuvens...
Afogueadas pela maresia que voa pelos nossos cabelos soltos
Andaremos nus...com o corpo feito de um pôr-do-sol explosivo
E voaremos com as asas de um anjo aceso pela claridade dos nossos beijos.