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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Um dia..vestirás a vida

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Queres recordar a seiva da juventude e devorar a claridade do tempo

Mas os teus olhos são cegos para o estremecimento das coisas

Queres perseguir os astros ...e como se fosses um camaleão feito de luzes...

Ascender às raízes das aves e ao profundo medo dos lábios

Um dia..vestirás a vida com asas sibilinas..

Feitas com a penugem de pássaros enfeitiçados

Serás o olhar que nada deseja..o desamparo dos deuses...o caminhar das estradas

Aproxima-se a manhã..e tudo rebenta numa seiva de mares...

Todos os caminhos ouvem os teus fogos..

As tuas raízes afundam-se numa letargia de ossos foscos..

Sabes que no silêncio pestanejam injúrias..tu próprio adquiriste as injúrias só para ti

Como se fosse um sábado onde a cinza sepulta as mãos...

E sobes por ti como se não estivesses vivo..queres glorificar em ti todas as coisas

Alimentas-te de avanços e de memórias..de fragores..de luzes artificiais

Misturas-te com a pele e adormeces como um espectro...

Persegues o mineral da existência...a seiva que escorre dos abismos...

Talvez até nem sejas tu a respirar o medo das ruas..ou a loucura da inconsciência

Talvez até saibas que o destino espantou os céus...

Mas a solidão das águas..cresce como um desabafo...

Como uma estrela que decora o escuro...

E que se funde nos teus sólidos passos meio desertos

Nas tuas mãos guardas a transformação das coisas..as vísceras da idade

Talvez consigas adiar o movimento do fumo..mas os teus dedos permanecerão

Como pão fortificado pelo absoluto nada...