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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Um enorme cruzamento de afectos

Naquele abrupto e profundo olhar

Residia uma solidão cansada

Os seus olhos eram uma distância

Como se fossem uma chama apagada...cruel

Ou um isolamento amontoado

Sobre uma ruína fechada... interdita

Delimitada por uma silenciosa dor

Como se fosse uma coisa grande

Ou algo incompreensível

Como uma vontade desprotegida

Desse lago coberto de nenúfares

Saíam choros que entravam pela manhã adentro

Como se fossem clamar ao mundo

Um isolamento...ou uma ascese

Ou como se fossem rasgar esse mundo distante

Com um longo e profundo suspiro cheio de dignidade

Ou como se tivesse que obedecer

Aos degraus espalhados pelos dias

Subi-los palmo a palmo...descalço

Como uma indigna voz calada

Insípidos mundos...clarividentes deveres

Crianças desarticuladas...

Que estranhas coisas somos

Que nos enredamos em deveres desmesurados

Grandes demais para as horas

Que são maiores que nós

Grandes demais para os ventos

Que sopram das profundezas verdes da terra

Grandes demais para o sangue do tempo

Que nos prende como um lastro..

Ou como um rumor de vela que nos acolhe

Numa condição de náufragos

Libertos de mares tempestuosos

E que depois de salvos...e secos

Nos abraçamos aos murmúrios

Que latejam nos largos espaços

Onde desemboca o centro da noite cheia de estrelas

Que se espraiam em nós...como uma altura

Ou como um enorme cruzamento de afectos...

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