Memórias de um tempo sem memória...
Houve um tempo em que se secavam uvas-passas para comer no Natal. Semeava-se, secava-se e guardava-se o feijão e o grão. Apanhavam-se as amoras selvagens e dele saía o delicioso doce de amoras. Vinha o tempo dos marmelos e do tomate e fazia-se a marmelada e o doce de tomate. Secavam-se ervas para fazer chás e penduravam-se os enchidos no fumeiro. Acartava-se a lenha para que no inverno o fogo não faltasse. Tudo se aproveitava, tudo era uma dádiva, as flores, os frutos, a madeira. Mugia-se o gado, ovelhas vacas e cabras, e fazia-se o queijo...puro. De tudo havia que tirar o sustento. E havia o linho e a lã para fiar e cardar. Era um tempo bonito, um tempo de saber e de sobrevivência. Um tempo como já não há. Um tempo que ficou parado na memória dos dias sem memória.