Um verso gelado
Erguem-se as flores silenciosas
Acenam as corolas ao sol escasso
No silêncio ouve-se o marulhar dos homens
Que atravessam a planície
Dobrados sobre sombras taciturnas
Acalmados os céus...
Entorpecidos os abismos
Gerações de canções estreladas
Alegram o voo dos prados
É nessa terra
Sepultada sob ervas rasteiras
Que os sonhadores
Encontram os pássaros que levantam voo
E é onde entoam os cânticos solenes
Que alegram o espaço
Ao cair da noite
Abrem-se então as persianas do infinito
E os poemas saem em todas as direcções
Como folhas
Que vão desaparecendo na ilimitada imensidão
Imensidão taciturna
Que vela serenamente o sono do poeta
Como se ele fosse uma criança
Perdida num verso gelado!