Uma longa noite
E tu que ardes num madrigal de versos confusos
Tu que te inebrias com a indiferença dos que passam
Achas que nas ruas se acordam pesadelos
Sem que tenhamos a audácia de forçar a porta?
Que se abra uma longa noite coberta de ouro
Escondido atrás de um imenso espaldar de remorsos
Onde vive o perdão de um deus alucinado...
Ainda agora vi a luz que as pedras irradiam
Ainda agora despertei para a côr azulada do destino
Um destino excessivo...tumultuoso...desabitado
Um destino a revoltear nos insanos anéis do vento
Como se fosse um corpo cavado no poente
A desabar pela escarpa de uma ilha transparente
Onde...quem conhece
Sabe da tela que a noite espelha nos telhados
E das pinturas que as ondas cavam no amanhecer.