Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Uma luz irónica

Sento-me num tosco banco de pedra

À beira do precipício

Não sinto necessidade de nada

Nem da falsa simpatia bela e calma

Nem das coisa profundas...que não entendo

Estou só...e não me queixo da pura ironia

Gosto dela...como-a como a um fruto pensado

Tem um sabor insignificante como o destino

Uma grandeza gratuita

Um cheiro silencioso a inconsciência.

A anemia que me toldava os sentidos

E que era como uma névoa a cobrir-me de sarcasmo

Fugiu...irritada e pálida

Perante o sagrado espectáculo da natureza

Afoguei então o meu prazer no ilimitado horizonte

Vacilei entre o riso e as lágrimas

Saudei silenciosamente a graciosidade do rouxinol

E... a minha alma puída...

Encantou-se pelo mais insignificante raio de sol.

As pedras sonolentas espreguiçaram-se com volúpia

Perante o Reino do verde e das sombras profundas

Esqueci o embrutecimento da cidade decadente

Dos prazeres afixados em cartaz

Dos editais cronológicos

Que evocam o pasmo dos livres-pensadores

Chegado ao cansaço

Compradas as alegrias na loja mais próxima

Tirados alguns momentos ao delírio

Vem Satã aconchegar-se aos meus pés

Queixa-se de Deus que não quer brincar com ele

Porque Deus não brinca

É apenas uma luz irónica ao cair da tarde....