Uma pequena réstia de sonho
Sopra a brisa
Que se contorce nas sombras
Procurando na profunda palidez dos corações
O bater pungente de um milagre
Um milagre que esplêndido
Se erga sobre a vida
Um milagre desinquietado
E sensível como um sonho
Vestido com uma profunda
E rutilante luz anilada
Que transfigurada
Pela palidez macerada do poente
Grite doces desesperos às árvores luminosas
Grite pelas luxúrias dos corpos suados
Grite pelas faces abençoadas
E pelos corações
Embaciados pelo bafo das bocas
Ai barcos sem ancora que vogais à deriva
Quem somos nós?
Senão a mistura de barcos com deriva
Ai... céus sem portas
Ai...céus incontidos.
Caindo a pique sobre o nosso coração degradado
Ai ..árvores...
Com as raízes enterradas no nosso corpo
Sugando-o para que os troncos
E as miragens vivam
E as suas copas estiradas sobre o mar
Refletindo pensamentos claros e amorosos
Vão esperando...esperando sempre
Que chegue à nossa voz assombrada
Pelas sombras reclinadas sobre a nossa alma
Uma pequena réstia de sonho!