Uma praça feita de homens sós
Com a sua manta feita de brisa
Passa os dias suspenso no sono das imagens
Sonha com o movimento leve dos corpos
Olhos de avelã...clandestino alicerce de si mesmo
A sua sombra distendida
Reflete-se nas tábuas que lhe servem de soalho
No ar... o sal inebria os caminhos
E o sol recorda-se das velhas figueiras.
Na distância que fica rente ao cativeiro do horizonte
As ruas apagam-se no mar
Pega neste segredo e segue pelo desconhecido
No fim descerá ao olhar branco dos seus passos
Sai do seu corpo
Sabe onde os carvalhos tecem lendas
E onde as flores se espalham pela ironia dos jardins
Sabe que há um lugar no mundo
Uma praça feita de homens sós
Um lugar esquivo
Entrançado nas imagens cruéis da guerra
Não sabe bem o que procura
Talvez um casario branco
Talvez uma margem ou uma ave
Passa rente a todas as catástrofes
Dispersa-se pelo rosto das crianças
Percorre todas as memórias
Acaba dentro de um milagre...é a noite
Ou o tardar evasivo das almas
Conhece os cardos
Refugia-se na agitação das ruas
Desconhece a idade dos templos
Mas move-se...como uma memória
Ou como um fugitivo que desembarca em Lesbos...