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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Vamos caminhando por uma rua sem futuros e sem olhares...

Trepidam as luzes...que se recolhem das borrascas perdidas na poeira
Há violetas alucinadas que se espalham pelos ínfimos espaços
Pelas sarjetas espalha-se a náusea da noite surda
Há luzes...corpos...perfurações de sombras em camas invisíveis...
Há pátios esconsos onde se recolhem luzes vegetais...
E os eclipses ganham a tonalidade dos lagos...
Que morrem bruscamente numa paisagem florida
Os pássaros vêm debicar os restos das mulheres adormecidas...
E a sua sombra espalha-se como uma gravura de tinta da china...
Sobre as bocas silenciosas
Os candeeiros debitam uma luz esverdeada...solene e baça como um bater de asas
E a garganta sufoca a náusea …
Que embriaga a diluição dos olhos numa incomensurável neblina
Há vómitos que adormecem sobre a erva fresca...
E receios que só acordam depois da submersão dos corpos ...
Enquanto nós sangramos a loucura até vergar o tempo irreal...
Ignorando o agitar das palmeiras...ignorando toda a chuva que nasce do voar das aves...
Ignorando os nossos corpos líquidos sentados numa espera de jardins sem receios!
Vamos caminhando por uma rua sem futuros e sem olhares...
Uma rua onde em cada canto espreita um sol que sabe a pão...
E nos alimenta os vapores translúcidos...que nos transportam aos céus!