Verão
Há em mim uma tristeza sem tempo
Seara de oiro polvilhada de pétalas vermelhas
Verão de sol viscoso
Onde o canto das cigarras
Se empoleirava nos ramos das oliveiras
Há em mim as rugas de um tempo em desalinho
Um frio feito dos arranhões dos dias
Um tear onde a minha alma
Tece o cabelo hirsuto da melancolia
Debruço-me sobre as sementeiras do degelo
E sinto que a plumagem dos dias
Não é mais que uma rama seca
A acenar a um tempo indisposto