Vértices
No líquido dia rebentei como um triunfo da primavera
Olho as algas e flutuo em reminiscências de infância
Subterrâneos silêncios são meus cúmplices
Desgastam as ondas...iludem
Côncavos sons emergem dos olhos embaciados
Há búzios a flutuar nos copos...rimo-nos
Eu sou um eterno mineral fosfórico
As memórias são distâncias que já não percorro
Desfaço-me em roucos vértices
Longas ressonâncias de amores embaciados
Dizem-me que não chegam as lembranças
Que em redor dos olhos há fundas grutas e longas estrelas
E eu prometo calcorrear os campos e incendiar os lábios
Prometo ser o centauro que galopa pela planície assombrada
Enquanto dou nomes às quimeras e às luas
Tu vais de lezíria em lezíria..de sol em sol
Como uma ave que labuta na sombra escarpada das horas
E emerge sob a fluída maré
Como se fosses o rio que passa dentro de ti
E na matinal lonjura das gaivotas
Despeja o seu olhar enfunado.