Véu azul
Véu azul...translúcido espaço a quebrar-se de encontro à liberdade das aves
Sonhei que as margens do rio se precipitavam num manto de espuma
Sonhei que do chão se ergueu um arco-íris de anémonas
E que da cegueira absoluta do amor se construiu uma vida
Como quem beija a côncava alma do vazio.
Na indecisão das horas decifro os impulsos do tempo
Ergo-me num pranto de esperas e deslumbramento
Sei que me divido em pequenas peças de mim
Sei que me dispersarei pelas colinas da tarde
Como uma brisa que paira sobre o infinito.
Não penso na memória dos céus nem no canto dos poemas
Mas penso na espuma da memória que profanou a orla do tempo.