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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Véu azul

Véu azul...translúcido espaço a quebrar-se de encontro à liberdade das aves

Sonhei que as margens do rio se precipitavam num manto de espuma

Sonhei que do chão se ergueu um arco-íris de anémonas

E que da cegueira absoluta do amor se construiu uma vida

Como quem beija a côncava alma do vazio.

 

Na indecisão das horas decifro os impulsos do tempo

Ergo-me num pranto de esperas e deslumbramento

Sei que me divido em pequenas peças de mim

Sei que me dispersarei pelas colinas da tarde

Como uma brisa que paira sobre o infinito.

 

Não penso na memória dos céus nem no canto dos poemas

Mas penso na espuma da memória que profanou a orla do tempo.

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