Voltam os lugares...
Voltam os lugares...lugares iguais a outros lugares
Volta o langoroso espaço..solfejo de marés e fios de ruas vazias
O dia folheia-se..observa o despertar esquivo dos rostos
Além está o abstrato..aqui a distância que se apega à pele
Bebemos a soma dos corredores..pelas vozes perpassam cativeiros...
A ansiedade é uma luz..um patamar do existir...uma nova forma de exortar os dias
A luz..esse soneto que se senta nos alicerces dos cegos..esse sol ambíguo
A luz está para além de todas as mortes...dorme nas planícies...
Desdobra as suas cores pelo chão feito de cantares límpidos...
Asa de ave desprendendo-se do vácuo do silêncio...
Perder-nos-emos junto à solidão...alguém nos encontrará sôfregos e exaustos
Limparemos então as mãos aos nomes e aos rostos..
Beberemos as sombras que descem dos tempos antigos
Daremos um salto em falso...seremos um casario lento..
Viveremos dentro de uma ânsia de rigor e estética celeste
Nos pátios...nas cidades..ninguém restará para recolher os nossos passos
Acordaremos em todos os lugares...nos mesmos onde dormem as praias...livres
Viveremos rente ao veludo do chão...presos na voz adormecida dos pássaros
Abriremos as nossas cores..seremos flores que olham cara a cara a brisa e o vento
Por fim..desceremos pelo cheiro extasiado do verão..rumo a todos os rumos
Como se queimássemos a noite dentro dos nossos olhos...