Voo ilimitado
Uivam os cães...
Perante as vénias carcomidas dos loucos
Gentis pensamentos cortam os ares
E um violino taciturno
Murmura poemas
Que rangem de encontro às portas fechadas
Fachadas de silêncio
Expõem o delírio do mundo
Um pássaro voa
Como se tivesse pressa de encantar o céu
Ou de poisar nos prados sublimes das nuvens
Muito para além das terras e das árvores
Que o tempo habita
Ah se eu fosse uma criança
Com todo o futuro dentro de si
Usando uns olhos
Profundamente sonhadores
Que corressem pelas montanhas
Onde jazem abismos entorpecidos
Pelo marulhar das águas
E nessas montanhas
Onde o cimo é habitado
Pelo silêncio dos ventos
Que numa reclusão de sonho
Eu gostaria de habitar
Que subitamente
Aves negras se elevam
Num voo ilimitado...