XXXV
Passou o vento pelo silêncio da vida...sempre em frente...segue
tu que escreves no vento nítidas órbitas...segue..sempre em frente
pela tua tua boca perpassam palavras..maravilhosas...sombrias...presas no começo de ontem
dorme...acreditas que no céu se planta a escuridão...nítida escuridão
luz e neve presa num galho de árvore decrépita...salta sobre todas as folhas..rebentos
rebentos que voltarão a ser folhas..bocas que voltarão a ser beijos...dias desfocados
do trigo rebenta a vida..dispersos grãos nas searas..sal dorido..sol cansado...amor
as tuas mãos tocam as minhas pálpebras...ansiosas pálpebras...voltear de andorinhas
continua...espalha a tua mão sobre mim..segura-me...sou o teu rebento...
sou a planta que vive na escuridão..sou o Outono e os dias..os lábios intocados
sou o orvalho que vive na luz...cacimba matinal...chuva deslizante
que apanho com as mãos voltadas para o vento...